1Quem me dera estar no deserto,
longe do meu povo.
É um povo adúltero,
fez-se um bando de traidores.
2Têm a língua afiada como flechas.
Governam o país com desonestidade e não com fidelidade.
(Deus)
«O meu povo fez o mal continuamente,
e não me reconhece como seu Deus.
Palavra do Senhor!
3Cada qual se acautele dos amigos;
não confiem uns nos outros.
Porque cada um age por meio de artimanhas,
e calunia o seu próximo.
4Engana o vizinho
e diz só mentiras.
Habituaram a língua a falar sem verdade,
e cometem atrocidades sem fim.
5Vivem no meio do engano
e recusam conhecer-me!
Palavra do Senhor!
6Por isso, vou purificá-los com o fogo.
Palavra do Senhor, todo-poderoso.
Que outra coisa posso fazer ao meu povo?
7As suas línguas são como setas mortais.
Falam sempre enganosamente.
Falam amigavelmente ao seu vizinho,
mas planeiam armadilhas contra ele.
8Não os castigarei por tudo isto?
Palavra do Senhor!
Não me vingarei de uma nação assim?»
(Jeremias)
9Vou chorar e lamentar-me pelos montes
porque secaram as pastagens da estepe.
Já ninguém passa por lá.
Já não se ouve o mugido do rebanho.
As aves e os animais selvagens fugiram.
(Deus)
10«Farei de Jerusalém um monte de ruínas,
um covil de chacais.
As cidades de Judá ficarão desertas,
ninguém ali morrerá.»
(Jeremias)
11Mas Senhor, por que está a terra devastada
e desolada como um deserto,
para que ninguém por lá passe mais?
Quem é capaz de o entender?
A quem fizeste saber,
para que o passe a outros?
12O Senhor respondeu: «Aconteceu assim, porque o meu povo abandonou os ensinamentos, que eu lhe tinha dado e não me obedeceu nem fez o que lhe disse. 13Foram teimosos e prestaram adoração aos ídolos de Baal, tal como os seus antepassados.
14Por isso, eis o que vou fazer, eu, o Senhor todo-poderoso, o Deus de Israel: darei ao meu povo ervas amargas para comer e fel para beber. 15Vou dispersá-los pelas nações que não conheciam, nem eles nem os seus pais, e enviarei exércitos contra eles, para que sejam totalmente destruídos. 16É isto o que diz o Senhor, todo-poderoso.»
Ais e lamentos
(O povo)
«Ouçam! Mandem vir carpideiras,
venham mulheres hábeis em cânticos fúnebres.
17Que elas se apressem e cantem por nós uma lamentação;
que os nossos olhos se encham de lágrimas
até ficarem inchados de tanto chorar.»
(Jeremias)
18Do lado de Sião ouvem-se lamentações:
«Estamos perdidos e desgraçados!
Temos de sair da nossa terra;
os nossos lares foram destruídos.»
19Ouçam a palavra do Senhor, ó mulheres;
prestem atenção às suas admoestações.
Ensinem as vossas filhas a fazer lamentações
e as vossas amigas a cantar cânticos fúnebres.
20A morte entrou pelas janelas
e penetrou nas nossas casas.
Dizimou as crianças nas ruas
e jovens nas praças públicas.
(Deus)
21«Acrescenta mais isto:
“Por toda a parte jazem cadáveres,
como se fosse estrume nos campos,
como trigo abandonado após a debulha,
trigo que ninguém recolhe.
Assim diz o Senhor.
22Que os sábios não se envaideçam da sua sabedoria;
— diz ainda o Senhor,
nem os fortes, da sua força;
nem os abastados, da sua riqueza.
23Em vez de se envaidecer,
deve antes mostrar que me conhece e compreende
que eu sou um Senhor cheio de misericórdia,
e o que faço é justo e reto.
São essas as coisas que me agradam.
Palavra do Senhor!
24Dias vêm, diz o Senhor, em que castigarei todos aqueles que fizeram a circuncisão, mas não a cumprem: 25os habitantes do Egito, de Judá, Edom, Amon e Moab, os que vivem no deserto, que rapam os cantos do cabelo. Estes últimos não receberam a circuncisão, porém o coração do povo de Israel é como se a não tivesse recebido.”»