Sociedade Bíblica de Portugal

A oração de uma vida

Quando eu era pequenino os meus pais ensinaram-me a orar, juntando as palmas das mãos num gesto tradicional de oração. Já em idade escolar, lembro-me de uma experiência que me marcou até hoje: além de ouvir, percebi que Deus responde às nossas orações. Pela sua graça continuei a crescer e rapidamente aprendi que, apesar de Deus nos escutar sempre, muitas vezes (mais do que aquelas que eu imaginava), ele não responde às nossas orações. Então, ainda jovenzinho reparei, também, que alguns crescidos oravam de braços levantados e, que outros, além dos braços erguidos também colocavam as mãos como quem está para receber algo caído do céu — registos que guardei no meu coração, como aprendiz nas lides da oração.

Mas as minhas perceções não se ficaram por aqui. Na idade da leitura, que no meu caso foi tardia, o meu primeiro livro sobre oração falava sobre o poder da oração e o segundo (não sei precisar) apresentava-a como uma arma de guerra espiritual!

Mais tarde (bem mais tarde), enquanto estudante de teologia aprendi a dissecar o tema. Isto, depois de estudar todas as orações expostas na Bíblia; de sistematizá-las em 6 categorias (petição, gratidão, louvor e intercessão, súplica, confissão), e de compreender as diferenças entre as orações litúrgicas, públicas e pessoais. Aprendi também a reconhecer a razão entre as orações respondidas e as impedidas, e a distinguir aquelas que são realizadas no Espírito das outras... as que são feitas pela vontade da carne ou pela força da tradição. Porém, quando me tornei professor de oração, comecei a convidar os meus alunos para prestarem atenção à relação entre a oração e o jejum, a oração e o louvor, assim como a relevância do exercício de oração na relação conjugal.

Agora que estou mais velho, de volta à mesma Bíblia e ao mesmo Deus, dou comigo a regressar à inocência que perdi quando era criança e a orar assim:

Papá,

Perdoa-me o tempo que li sobre oração,

que a estudei procurando torná-la mais eficaz,

e me esqueci de ti, de falar contigo,

contar-te o bom ou o mau,

mas dizer-te o que sinto!

Papá,

Perdoa-me a intimidade perdida e a formalidade adquirida,

a quantidade de vezes que te importunei,

no lugar da qualidade do gozo de estarmos juntos.

Papá,

Perdoa-me o tempo que falei

sem nunca desejar escutar-te,

nem sequer comtemplar!

Obrigado, Deus

Porque és o meu Criador, Senhor e Rei sem nunca deixares de ser o meu Papá!

Ajuda-me a ser teu servo, sem nunca esquecer que também sou teu filho!

Simão Fonseca

Sociedade Bíblica de Portugalv.4.24.4
Siga-nos em: